Somos Arte

sábado, 15 de outubro de 2011

Candido Portinari



Olegário Mariano - 1928
Óleo sobre tela
Tam: 198x65,3cm
Candido Portinari nasce numa fazenda de café, em Brodowski, São Paulo, no dia 29 de dezembro de 1903. Seus pais foram os imigrantes italianos Batista Portinari e Domênica Torquato, que tiveram 12 filhos. Em 1909, o menino começa a desenhar.No ano de 1912, participa, durante vários meses, dos trabalhos de restauração da Igreja de Brodowski, ajudando os pintores italianos a "Dipingere Le Stelle". Mais tarde, auxilia um escultor frentista.
A partir de uma carteira de cigarros, Portinari faz a lápis um retrato do músico Carlos Gomes em 1914. A família guarda o desenho.

Viaja para o Rio de Janeiro em 1918. Tem aulas de desenho no Liceu de Artes e Ofícios. Matricula-se na Escola Nacional de Belas Artes, na qual estuda desenho e pintura. Seus professores foram Amoedo, Batista da Costa, Lucílio Albuquerque e Carlos Chambeland.

Realiza-se em 1922 na cidade de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, porém Portinari não participa. Expõe, pela primeira vez, no Salão da Escola de Belas Artes.
No ano de 1923, Portinari manda para o Salão da Escola de Belas Artes o retrato do escultor Paulo Mazzucchelli, ganhando três prêmios, entre eles a medalha de bronze do Salão.
Participa do Salão Nacional de Belas Artes de 1924 com o quadro Baile na Roça obra com temática brasileira, mas é recusado pelo júri.

Obtém a pequena medalha de prata no Salão de 1925, no qual expõe dois retratos, e recebe a grande medalha de prata no de 1927. Com o retrato do poeta “Olegário Mariano”, ganha o prêmio de Viagem ao Estrangeiro de 1928.


Despejados - 1934
Óleo sobre tela
Tam: 60x73cm
Antes de viajar em 1929, faz sua primeira exposição individual, com 25 retratos, por iniciativa da Associação dos Artistas Brasileiros. Parte para a Europa. Viaja pela Itália, Inglaterra, Espanha e se fixa em Paris."Comecei a trabalhar, mas no meu quarto, porque não consegui ainda ateliê dentro de minhas posses. Contudo, não estou triste, porque não estou perdendo tempo: pela manhã vou ao Louvre, à tarde faço estudos. Não pretendo fazer quadros por enquanto. Aprendo mais olhando um Ticiano, um Raphael, do que para o Salão de Outono todo". (Carta ao amigo Olegário Mariano)
Vai diariamente aos museus, descobre a pintura moderna da Escola de Paris, discute sobre arte nos cafés e não tem quase nenhum tempo para pintar. Conhece Maria Martinelli em 1930, jovem uruguaia de 19 anos, radicada com família em Paris e se casa com ela. Sente saudade de Brodowski e escreve para o Brasil... "Daqui fiquei vendo melhor a minha terra - fiquei vendo Brodowski como ela é. Aqui não tenho vontade de fazer nada. Vou pintar o Palaninho, vou pintar aquela gente com aquela roupa e com aquela cor. Quando comecei a pintar., senti que devia fazer a minha gente e cheguei a fazer o “Baile na Roça”... A paisagem onde a gente brincou a primeira vez não sai mais da gente, e eu quando voltar vou ver se consigo fazer a minha terra..."


O M orro - 1936
Óleo sobre tela
Tam: 73x60cm
Portinari e Maria regressam ao Rio de Janeiro em 1931 e ele passa a trabalhar num ritmo intenso. Participa da comissão destinada a promover a reforma do Salão Nacional de Belas Artes, no qual os artistas modernos são admitidos pela primeira vez. Portinari é convidado pelo então diretor da Escola Nacional de Belas Artes, o arquiteto Lúcio Costa, a fazer parte da comissão organizadora do Salão. Nesse ano, Portinari apresenta 17 obras.
Portinari expõe individualmente no Palace Hotel em 1932, dessa vez exibe obras de temática brasileira - cenas de infância, circo, cirandas. No ano seguinte faz outra Exposição Individual no mesmo local.
No ano de 1934, Portinari pinta “Despejados”, obra de temática social. Intelectuais começam a ver em sua figura o verdadeiro representante plástico do modernismo brasileiro. Tem sua tela “O Mestiço” adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, sendo assim, a primeira instituição pública a incluir uma obra de Portinari em seu acervo.

Em julho de 1935 é contratado para lecionar pintura mural e de cavalete na Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro. Ao participar da Exposição Internacional do Instituto Carnegie, nos Estados Unidos, junto com pintores de 21 países, recebe a Segunda Menção Honrosa, com a tela "Café". Essa obra é adquirida, antes mesmo da premiação, pelo Ministro da Educação Gustavo Capanema, para o Museu de Belas Artes.


A Primeira Missa no Brasil - 1948
Têmpera sobre tela
Portinari pinta o seu primeiro mural em 1936, para o monumento rodoviário da Estrada Rio/São Paulo, medindo 0,96 x 7,68 metros. O Ministro Gustavo Capanema convida-o a trabalhar no edifício que será construído para o Ministério da Educação.
Em 1937, com a intenção de dedicar-se ao estudo para os afrescos do Ministério, Portinari, recebe a colaboração de alguns alunos da Universidade do Distrito Federal. Bianco, jovem pintor italiano recém-chegado ao Brasil, é apresentado a Portinari que o convida para trabalhar no Ministério.
O ano de 1938 é marcado pela execução dos trabalhos do Ministério da Educação. No ano seguinte nasce seu único filho, João Cândido, em janeiro desse ano. Executou três painéis para o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de Nova Iorque: Jangadas do Nordeste; Cena Gaúcha e Festa de São João. O Museu de Arte Moderna de Nova Iorque adquire o quadro "O Morro", que René Huyghe, Diretor do Museu do Louvre, aconselhara Portinari a não utilizar. Em novembro, expõe 269 trabalhos no Museu Nacional de Belas Artes. A Universidade do Distrito Federal é fechada.


Enterro na Rede - 1944
Óleo sobre tela
Tam: 180x220cm
Portinari participa em 1940 da Exposição de Arte Latino-Americana no Museu Riverside, em Nova Iorque. Expõe com grande sucesso em Detroit e no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. A University Of Chicago Press publica "Portinari, his life and art", o primeiro livro sobre o artista , com prefácio de Rockwell Kent e Josias Leão. Ilustra "A Mulher Ausente", de Adalgisa Nery.
Em Brodowski, na casa de seus pais, Portinari passa a pintar uma capela para sua avó - "Capela da Nonna", que já não mais podia freqüentar a Igreja. Passa vários meses de 1942 nos Estados Unidos, pintando quatro afrescos para a Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso, em Washington. Vê o quadro "Guernica", de Pablo Picasso, que o impressionou profundamente. Ilustra o livro infantil "Maria Rosa", de Vera Kelsey.
A pedido de Assis Chateaubriand, pinta uma série de murais para a Rádio Tupi do Rio, inspirados na música popular brasileira. Realiza nova Exposição Individual no Museu Nacional de Belas Artes em 1943. Ilustra "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis.
Em 1944, pinta três painéis para a Capela Mayrink, Rio de Janeiro. Acaba de executar um ciclo bíblico, que Assis Chateaubriand compra e leva para a Rádio Tupi de São Paulo, onde a influência da Guernica de Picasso é visível. Trabalha com dois painéis da Série Retirantes. Pinta um mural e azulejos sobre a vida de São Francisco de Assis, para a Capela da Pampulha, em Belo Horizonte - MG.


Retirantes - 1944
Óleo sobre tela
Tam: 180x220cm
Portinari perde seu grande amigo Mário de Andrade em 1945. Faz uma "Via Sacra" para a Capela da Pampulha.
Filia-se ao Partido Comunista vendo nessa organização, mesmo clandestina, a chance de lutar contra a ditadura, a favor da anistia e de eleições. Nomes de grande prestígio junto à sociedade reúnem-se à esse Partido. Candidato a Deputado Federal por São Paulo, Portinari perde as eleições. O PCB consegue eleger um Senador - Luiz Carlos Prestes e 14 Deputados.

No ano seguinte expõe na Galeria Charpentier, de Paris, seus quadros e desenhos das séries "Os Retirantes" e "Meninos de Brodósqui" . Recebe a "Legião de Honra" do Governo Francês.
Candidato a Senador, em São Paulo, pelo Partido Comunista, perde por pequena margem de voto em 1947, colocando em dúvida a lisura do pleito. Viaja para Buenos Aires, onde faz uma Exposição Individual, que volta a apresentar em Montevidéu, no Salão da Comissão Nacional de Belas Artes do Uruguai.
Em 1948, pinta em Montevidéu, à têmpera, o grande painel "A Primeira Missa no Brasil", para o Banco Boavista do Rio de Janeiro. Ilustra "O Alienista" de Machado de Assis. No final do ano, Portinari faz uma retrospectiva no MASP (Museu de Arte de São Paulo), tendo as obras Enterro na Rede, Criança Morta e Retirantes, doadas ao Museu por Assis Chateuabriand.


A Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia - 1952
Óleo sobre tela
Tam: 47X71cm
Entre 1949 e 1950, pinta o Mural "Tiradentes" para o Colégio de Cataguases. Apesar do convite, não consegue participar da Conferência Cultural e Científica para a Paz Mundial, em Nova Iorque, pois tem seu visto de entrada negado. Viaja para a Itália em fevereiro e visita Chiampo, terra natal de seu pai. Expõe seis trabalhos na XXV Bienal de Veneza. Recebe, pelo painel Tiradentes, a Medalha de Ouro da Paz do II Congresso Mundial dos Partidários da Paz, em Varsóvia.
Participa em 1951, com uma sala especial, da 1ª Bienal de São Paulo. A Bienal conta com mais de 2.000 trabalhos de pintura, escultura, arquitetura e gravura de artistas de 19 países. Na Itália é lançada a monografia Portinari, organizada e apresentada por Eugenio Luraghi (ed. Della Mondione, Milão).
No ano de 1952 pinta para o Banco da Bahia, em Salvador, o Mural "A Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia". Com ilustrações de Portinari, o semanário “O Cruzeiro”, publica o romance “Os Cangaceiros” de José Lins do Rego. Pinta um conjunto de obras sacras para a Igreja Matriz da cidade de Batatais - SP, pequena cidade próxima de Brodowski.


O Descobrimento do Brasil - 1954
Óleo sobre tela
Tam: 98x79cm
É inaugurada, em 1953, a decoração para a Igreja de Batatais. E realizada a Via Sacra para integrar o conjunto das obras. Começa a demonstrar um problema grave de saúde devido à intoxicação com tintas. Expõe no Museu de Arte Moderna do Rio uma mostra com mais de 100 obras. Inicia o trabalho dos enormes painéis "Guerra e Paz" para a sede da ONU, em Nova Iorque.
Participa em 1954 com mais quatorze artistas de quinze países da mostra organizada pelo Comitê de Cooperação Cultural com o estrangeiro em Varsóvia, que tem como tema principal a luta dos povos pela paz. Executa também um painel dedicados aos "Fundadores do Estado de São Paulo" para jornal O Estado de São Paulo. Expõe novamente no Museu de Arte de São Paulo. Participa da III Bienal de São Paulo, com uma sala especial. Com os sintomas da intoxicação cada vez mais presentes, é proibido pelos médicos de pintar por algum tempo. "Estou proibido de viver", reclama.
Em 1955, o Internacional "Fine Arts Council", de Nova Iorque, confere-lhe uma medalha como o pintor do ano. Ilustra o Romance "A Selva", de Ferreira de Castro. Em outubro é inaugurado o painel "O Descobrimento do Brasil", encomenda do Banco Português do Brasil, no Rio.
Viaja à Itália e Israel, em 1956, e faz exposição nos Museus de Tel-Aviv, Haifa e Ein Harod. Os painéis "Guerra e Paz" são apresentados no Teatro Municipal do Rio. Recebe o prêmio "Guggenheim's National Award", da Fundação Guggenheim, de Nova Iorque. O Museu de Arte Moderna do Rio edita o livro "Retrato de Portinari", de Antônio Callado.


Seu Baptista
A Maison De La Pensée, em Paris, apresenta a exposição individual de Portinari em 1957, com o patrocínio da Embaixada do Brasil, com 136 obras. Expõe no Museu de Munique. Os painéis "Guerra e Paz" são inaugurados na sede da ONU. Recebe a "Hallmark Art Award", de Nova Iorque. Solomon Guggenheim expõe "Mulheres Chorando" um dos grandes estudos preliminares do painel "Guerra". Expõe no Museu de Munique. Os painéis "Guerra e Paz" são inaugurados na sede da ONU. Recebe a "Hallmark Art Award", de Nova Iorque. No final do ano Portinari começa a escrever suas memórias: “Retalhos da minha vida de infância”: "Eram belas as manhãs frias na época da apanha do café e delicioso o canto dos carros de boi transportando as sacas da colheita. Quantas vezes adormecíamos sobre as sacas. A luz do sol parecia mais forte.

Era somente para nós. Ia pela estrada afora o carro vagaroso, cantando. Dormíamos cheio de felicidades. Sonhávamos sempre, dormindo ou não. Nossa imaginação esvoaçava pelo firmamento. Fantasias forjadas, olhando as nuvens brancas, mais brancas do que a neve. Tudo se movia ao nosso redor como um passe de mágica. Belas eram as seriemas, as saracuras e os tatus. Quando víamos no chão um orifício, sabíamos a que bicho pertencia. Conhecíamos também a maioria das árvores e arbustos, sabíamos a maioria das árvores e arbustos, sabíamos suas serventias para as doenças; as chuvas, o arco-íris, as nuvens, as estrelas, a lua, o vento e o sol eram-nos familiares. O contacto com os elementos moldava nossa imaginação e enchia nosso coração de ternura e esperança."


Mestiço
Óleo sobre tela
Tam: 81x61cm
Expõe em 1958, inaugurando a Galleria Del Libraio, em Bolonha - Itália, os trabalhos com motivos de Israel, os quais mostra a seguir em Lima e Buenos Aires. É convidado de honra, com sala especial, na 1ª Bienal do México. No retorno de uma viagem pela Europa declara que passará a dedicar-se à poesia. É convidado para receber em Bruxelas, a Estrela de Ouro. Seu pai "Seu Baptista", morre no Rio de Janeiro.No ano seguinte expõe na Galeria Waldenstein, em Nova Iorque e no Museu Nacional de Belas Artes em Buenos Aires. A pedido da Librarie Gallimard, executa doze ilustrações, em cores, para "O Poder e a Glória", romance de Graham Greene. Ilustra também, com trinta gravuras , "O Menino de Engenho", de José Lins do Rego. Pinta o mural "Inconfidência Mineira" para o Banco Hipotecário e Agrícola de Minas Gerais S/A, do Rio de Janeiro. Na V Bienal de São Paulo, expõe 130 trabalhos.
Após 30 anos de casamento, Portinari separa-se de Maria em 1960, que, assumindo mais que o papel de esposa, ajudava-lhe com os problemas do cotidiano, deixando-o livre para dedicar-se mais tempo ao seu trabalho. Mesmo separados, Maria continua a prestar-lhe assistência. Ainda para a Librarie Gallimard, ilustra os romances "Terre Promisse" e "Rose de September", de André Maurois.
Executa cinco painéis para o Banco de Boston de São Paulo: "Os Bandeirantes", "Fundação de São Paulo", "Colheita de Café", "Transporte do Café" e "Industrialização". Expõe individualmente na Checoslováquia, em São Paulo e na Galeria Bonino, no Rio. É convidado a participar do júri da II Bienal do México. Realiza-se em Moscou, uma mostra de fotografias de várias de suas obras. Nasce sua neta Denise. Feliz com o nascimento de sua neta, declara: "Minha neta me libertará da solidão" (Poemas: cento e vinte e seis, 1960). A partir daí, passa a retratar sua neta em pintura e poesia.


Auto-Retrato
Faz a última viagem à Europa em 1961. Encontra-se com seu filho João Candido em Paris, revê amigos e lugares que há muito lhe emocionavam. Sua saúde mostra-se mais uma vez abalada, devido à doença que o atacara. Juntamente com o amigo Eugenio Luraghi, planeja a exposição para o ano seguinte em Milão. Em julho a galeria Bonino, no Rio de Janeiro, apresenta a última exposição do artista em vida.
Envolvido no trabalho para a exposição de Milão, descuida-se de vez de sua saúde. Morre, no dia 06 de fevereiro de 1962, na Casa de Saúde de São José, no Rio de Janeiro, vítima de intoxicação das tintas que utilizava. Seu corpo é velado no Ministério da Educação, de onde sai o enterro, com grande acompanhamento.
"Quando o esquife de Portinari saiu do Ministério, na manhã do dia 8, em carreta do Corpo de Bombeiros, dos edifícios envidraçados, do pátio do Palácio da Educação, das bancas de jornais, dos cafés em súbito silêncio diante da Marcha Fúnebre e do Hino Nacional, voltaram-se para o cortejo milhares de caras irmãs das que aparecem nos Morros, nos Músicos nos Retirantesde Portinari. Milhares de anônimas criaturas suas disseram adeus ao pintor, miraram uma última vez o claro e sutil feiticeiro que para sempre se aprisionou em losangos de luz e feixes de cor. Como se no espelho apagado da vida do artista ardesse num último lampejo tudo aquilo que refletira durante a vida". (Antônio Callado)




Informações retiradas do site
WWW.CASADEPORTINARI.COM.BR


http://www.pintoresfamosos.com.br/?pg=portinari


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Pós Impressionismo



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PAUL CÉZANNE Madame Cézanne em Vermelho


SERVIÇO EDUCATIVO, 

ASSESSORIA AO PROFESSOR

Aula do Mês - Novembro de 2006PAUL CÉZANNE
Aix-en-Provence, 1839 - 1906


Madame Cézanne em Vermelho
Óleo sobre tela, 89 X 70 cm, 1890-1894
Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand -  MASP
A Obra
Hortense Fiquet, talvez modelo profissional, encontrou Cézanne em Paris no fim da década de1860 e em 1872 nasceu Paul. Casaram-se quatorze anos após o nascimento do filho, em 28 de abril de 1886.
A esposa foi retratada por Cézanne em vários quadros da década de 1890: Madame Cézanne na Varanda (c. 1890, Nova York, Metropolitan Museum), três versões deMadame Cézanne na Cadeira Amarela, uma no Chicago Art Institute (c. 1890) e duas em coleções particulares, ambas datadas entre 1890 e 1894. Em relação aos demais, Madame Cézanne parece estar nesse retrato, segundo Venturi (1936, p. 189), mais tranqüila, mais satisfeita, mais singela. As flores nas mãos conferem-lhe um ar mais simpático.
Camesasca (1989, p. 112) nota que o pintor busca uma análise formal livre de interferências psicológicas. Para Valsecchi, "a pose singela, a luz límpida como um cristal, que acentua a soberba realização plástica da figura, ressaltada pela lenta difusão do ritmo oval, são tão agradáveis quanto maciças, como nas figuras do jovem Giotto". As figuras de Cézanne são freqüentemente comparadas às de Piero dela Francesca pela monumentalidade e aparente falta de expressão. Elas são, de fato, marcadas por uma expressão que corresponde mais a seu temperamento, que à representação de um momento da vida interior.Cézannesuspende-as numa atmosfera pensativa. Valabrègue afirmou que os retratos do jovem Cézanne pareciam mostrar alguma vingança por alguma maldade que o modelo houvesse feito contra ele.
A partir de 1875, a agressividade dá lugar a uma busca da essência interior dos retratados; tal atitude acentua-se depois da dispersão dos impressionistas em 1878. Nos retratos da mulher realizados nos anos de 1890-1894, essa pesquisa torna-se mais radical, ao isolar progressivamente o modelo do contexto exterior, com o desaparecimento do espaço cúbico da perspectiva tradicional (Ponente).
O quadro do MASP pode ser considerado uma reformulação sintética do retrato deMadame Cézanne na Cadeira Amarela (Venturi, n. 570). O fundo abstrato assume um valor importante e tende a colocar-se no mesmo plano da figura, adquirindo a mesma densidade. Cézanne busca um balanço de tensões plásticas, embora precário, e não a justaposição de planos organizados da superfície (Clay). Esse balanço reflete suas dúvidas e a série de tentativas em que consiste o processo de criação para o artista (Schapiro), evidenciando na obra uma dimensão temporal, o "arrepio da duração", como descrevia o próprio Cézanne.

O Artista
Filho de um banqueiro, cresceu numa rica família burguesa. Estudou no Collège Bourbon de Aix, onde se tornou amigo de Émile Zola, amizade que perdurou longamente.
Após terminar os estudos de Direito, viajou, em 1861, pela primeira vez a Paris, onde freqüentou o Louvre para copiar grandes pintores venezianos e holandeses, mas sobretudo Velázquez e Caravaggio.
Voltou a Aix e começou a trabalhar no banco do pai, mas em novembro de 1862 estava já novamente em Paris, onde compareceu ao Salon des Refusés, admirou a pintura de Delacroix e de Courbet e conheceu Pissarro, que devia contribuir em muito para sua orientação artística. De Aix, onde se instalara a partir de 1864, começou a enviar aos Salons oficiais obras que foram sempre rejeitadas. Nas estadas em Paris, sempre mais freqüentes, estreitou relações com os artistas do futuro grupo dos impressionistas e com os intelectuais e artistas que se reuniam na casa de Zola. A solidez construtiva de Courbet e o lirismo cromático de Delacroix tiveram grande importância nesta primeira fase da arte de Cézanne, também chamada de "romântica".
Daumier foi igualmente importante e a nova pintura de Manet, por quem Cézanne nutria grande admiração, não correspondida. Os quadros realizados entre 1865 e 1869 evidenciam a reflexão do artista sobre estes modelos (Nouvelle OlympiaA Pêndula Preta, 1869-1870, Paris, coleção Niarchos; Paul Alexis Lendo um Manuscrito a Zola, 1869-1870, São Paulo, MASP).
Com a guerra franco-prussiana de 1870, Cézanne mudou-se definitivamente para Aix e depois para L'Estaque, na baía de Marselha. Estimulado pelas pesquisas de Pissarro, eliminou o elemento narrativo das suas pinturas para reconstruir de modo sintético a percepção ótica subjetiva da realidade (A Casa do Enforcado, 1873, Paris, Musée d'Orsay). Em 1874 e em 1877, participou, sem sucesso, das exposições dos impressionistas no ateliê de Nadar.
As obras desta fase, caracterizadas por cores  mais claras e uma ordem compositiva mais severa, evidenciam a distância de Cézanne em relação ao impressionismo, patente em sua intenção, declarada, de "solidificar o impressionismo", isto é, de transformar a vibração da superfície cromática em definição do volume, na busca de uma síntese formal que identificasse os elementos básicos da linguagem da pintura.
Nas obras realizadas em Aix, entre 1883 e 1887, o controle formal na reconstituição das percepções torna-se ainda mais rigoroso. A cor transforma-se na síntese de tom e de espaço, as formas são aproximadas a uma geometria essencial, o cone, a pirâmide, o cubo, a esfera, que se identificam com a construção do espaço por parte da consciência.
Em 1886, Cézanne rompeu com Zola, reconhecendo a si próprio na figura do pintor fracassado Claude Lautier, protagonista do romance A Obra, publicado naquele ano. Foi o começo de um progressivo isolamento, que o levou a se concentrar ainda mais na própria pesquisa  artística. O sonho do pintor era elevar a uma dimensão clássica e monumental o novo sistema de valores inaugurado pela pintura impressionista, "refazer Poussin a partir da natureza", baseado na "petite sensation", reconstruída com dedicação incansável.
Por isso, retornou constantemente aos mesmos temas: vistas de L'Estaque e sobretudo da montanha Sainte-Victoire, naturezas-mortas, retratos da mulher. No último período de sua atividade, Cézanne realizou muitas composições de banhistas, até atingir dimensões monumentais (Merion, Barnes Foundation; Filadélfia, Museum of Art; Londres, National Gallery) e num grau de abstração cada vez mais acentuado. A partir do Salon des Independants de 1899, o interesse pela pintura de Cézanne, antes restrito a uns poucos colegas pintores, foi crescendo. Em 1904, o Salon d'Automne reservou uma sala ao pintor e, em 1907, foi realizada uma grande retrospectiva póstuma de suas obras. Naquele ano, Picasso pintava as Demoiselles d'Avignon e Braque irá se instalar em L'Estaque para pintar algumas paisagens que afirmam a presença de Cézanne nas raízes do movimento cubista.
De fato, toda a arte contemporânea deve à Cézanne o conceito de autonomia da forma e sua independência em relação aos dados naturais ou emocionais.
Luciano Migliaccio
Texto extraído do Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand 
Coordenação Geral: Luiz Marques 
São Paulo: Prêmio, 1998.


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PAUL CÉZANNE Aix-en-Provence, 1839 – 1906


SERVIÇO EDUCATIVO, 

ASSESSORIA AO PROFESSOR

Aula do Mês - Novembro de 2008

PAUL CÉZANNE
Aix-en-Provence, 1839 – 1906




O Grande Pinheiro
Óleo sobre tela, 89 X 70 cm, 1890-1896.
Acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand MASP.
Foto: Luis Hossaka
A Obra
Durante a realização da pintura, Cézanne acrescentou à margem superior da tela uma faixa de cerca de 12 centímetros de altura, indicativa da busca do pintor por uma medida proporcional perfeita, comparável à de Poussin. É provável que Cézanne, insatisfeito com o resultado, retomasse pelo menos mais três vezes o trabalho nesta composição (Kostenevitch 1986). A paisagem parece ser a mesma do Grande Pinheiro perto de Aix (São Petersburgo, Ermitage), do Grande Pinheiro e Rochas Vermelhas (Coleção Lecomte, Paris) e da aquarela Estudo de Árvore (Zurique, Kunsthaus).
A datação da obra na literatura crítica é variável. Javorskaya e Reff datam-na entre os anos de 1895 e 1897, Rewald entre 1890-1895 e Cooper entre 1889 e 1891. Provavelmente, foi pintada em Montbriant na propriedade de Conil, cunhado do artista, entre 1892 e 1896 (Camesasca 1979, p. 72 e 1989, p. 118). Para Schapiro, a árvore representada teria sido cara ao artista desde a infância e é citada em uma carta de 1858 a Zola: “Lembra-se do pinheiro plantada à beira do Arc, debruçando sua cabeça de longos cabelos sobre o abismo que se abre aos seus pés? O pinheiro que protegia nossos corpos do calor do sol com seus ramos. Ah! Possam os deuses protegê-lo do machado do lenhador!” Cézanne referiu-se à mesma árvore no seguinte verso de 1863: ”E a árvore sacudida pelo vento furioso, ondula no ar como um corpo imenso/ Seus ramos curvos esfolados flutuam no mistral”.
Segundo Schapiro, domina neste quadro uma concepção lírica na qual a árvore é representada como uma individualidade heróica, expressa em cada parte, desde o tronco torturado, porém vigoroso como nenhum outro, até os galhos e as folhas que quase alcançam o céu. Cézanne tende, nesta fase de sua vida, a uma solidez homogênea e sintética, que o artista alcança através da fluida e transparente fusão das cores. Suas árvores, em vez da forma maciça das colunas, assumem um relevo mais profundo, com seus ramos caídos e ondulantes. A composição merece ser considerada em si mesma. Em nenhum outro de seus quadros a paisagem evidencia tamanha independência em relação à tradição anterior. Talvez a obra de Theodore Rousseau, Diário do Verão (Paris, Louvre), possa ser considerada sua predecessora, porém de forma muito distante, inclusive em relação à iconografia. Pelo menos numa ocasião, em Neve ao Sol em Fontainebleau (Nova York, Museum of Modern Art), Cézanne usou uma fotografia encontrada em seu ateliê após sua morte, como fonte de inspiração. Camesasca (1989, p. 120) sugere que, para a realização do quadro do Masp, Cézanne tenha usado um calotipo feito por Fox Talbot em 1840, hoje guardado no London Science Museum.
O Artista
Filho de um banqueiro, cresceu numa rica família burguesa. Estudou no Collège Bourbon de Aix, onde se tornou amigo de Émile Zola, amizade que perdurou longamente. Após terminar os estudos de Direito, viajou, em 1861, pela primeira vez a Paris, onde freqüentou o Louvre para copiar grandes pintores venezianos e holandeses, mas sobretudo Velásquez e Caravaggio. Voltou a Aix e começou a trabalhar no banco do pai, mas em novembro de 1862 estava já novamente em Paris, onde compareceu ao Salon des Refusés, admirou a pintura de Delacroix e de Courbet e conheceu Pissarro, que devia contribuir em muito para sua orientação artística. De Aix, onde se instalara a partir de 1864, começou a enviar aos Salons oficiais obras que foram sempre rejeitadas. Nas estadas em Paris, sempre mais freqüentes, estreitou relações com os artistas do futuro grupo dos impressionistas e com os intelectuais e artistas que se reuniam na casa de Zola. A solidez construtiva de Courbet e o lirismo cromático de Delacroix tiveram grande importância nesta primeira fase da arte de Cézanne, também chamada de “romântica”. Daumier foi igualmente importante e a nova pintura de Manet, por quem Cézanne nutria grande admiração, não correspondida. Os quadros realizados entre 1865 e 1869 evidenciam a reflexão do artista sobre estes modelos (Nouvelle Olympia, A Pêndula Preta, 1869-1870, Paris, coleção Niarchos; Paul Alexis Lendo um Manuscrito a Zola, 1869-1870, São Paulo, Masp ).
Com a guerra franco-prussiana de 1870, Cézanne mudou-se definitivamente para Aix e depois para L’Estaque, na baía de Marselha. Estimulado pelas pesquisas de Pissarro, eliminou o elemento narrativo das suas pinturas para reconstruir de modo sintético a percepção ótica subjetiva da realidade (A Casa do Enforcado, 1873, Paris, Musée d’Orsay). Em 1874 e em 1877, participou, sem sucesso, das exposições dos impressionistas no ateliê de Nadar. As obras desta fase, caracterizadas por cores mais claras e uma ordem compositiva mais severa, evidenciam a distância de Cézanne em relação ao impressionismo, patente em sua intenção, declarada, de “solidificar o impressionismo”, isto é, de transformar a vibração da superfície cromática em definição do volume, na busca de uma síntese formal que identificasse os elementos básicos da linguagem da pintura. Nas obras realizadas em Aix, entre 1883 e 1887, o controle formal na reconstituição das percepções torna-se ainda mais rigoroso. A cor transforma-se na síntese de tom e de espaço, as formas são aproximadas a uma geometria essencial, o cone, a pirâmide, o cubo, a esfera, que se identificam com a construção do espaço por parte da consciência.
Em 1886, Cézanne rompeu com Zola, reconhecendo a si próprio na figura do pintor fracassado Claude Lautier, protagonista do romance A Obra, publicado naquele ano. Foi o começo de um progressivo isolamento, que o levou a se concentrar ainda mais na própria pesquisa artística. O sonho do pintor era elevar a uma dimensão clássica e monumental o novo sistema de valores inaugurado pela pintura impressionista, “refazer Poussin a partir da natureza”, baseado na “petite sensation”, reconstruída com dedicação incansável. Por isso, retornou constantemente aos mesmos temas: vistas de L'Estaque e, sobretudo da montanha Sainte-Victoire, naturezas-mortas, retratos da mulher. No último período de sua atividade, Cézanne realizou muitas composições de banhistas, até atingir dimensões monumentais (Merion, Barnes Foundation; Filadélfia, Museum of Art; Londres, National Gallery) e num grau de abstração cada vez mais acentuado. A partir do Salon des Independants de 1899, o interesse pela pintura de Cézanne, antes restrito a uns poucos colegas pintores, foi crescendo. Em 1904, o Salon d' Automne reservou uma sala ao pintor e, em 1907, foi realizada uma grande retrospectiva póstuma de suas obras. Naquele ano, Picasso pintava as Demoiselles d’Avignon e Braque irá se instalar em L’Estaque para pintar algumas paisagens que afirmam a presença de Cézanne nas raízes do movimento cubista. De fato, toda a arte contemporânea deve à Cézanne o conceito de autonomia da forma e sua independência em relação aos dados naturais ou emocionais.
Luciano Migliaccio
Texto extraído do
Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand: Arte Francesa
Coordenação geral: Luiz Marques 
São Paulo, Editora Prêmio, 1998.


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Museu em Milão reúne 40 obras de Paul Cézanne


Museu em Milão reúne 40 obras de Paul Cézanne

ANSA
MILÃO, 14 OUT (ANSA) - A prefeitura de Milão prestará uma homenagem ao pintor francês Paul Cézanne com uma exposição de 40 obras do artista no Palazzo Reale entre 20 de outubro a 26 de fevereiro do ano que vem.

Com curadoria de Rudy Chiapini e colaboração de Denis Coutagne, as pinturas serão reunidas de diversos museus internacionais.

Entre os museus que emprestaram as obras estão o Museu d'Orsay, o l'Orangerie e o Petit Palais, de Paris, o Museu Granet, de Aix-en-Provence, o Ateneum Art Museum, de Helsinque, a Tate Galllery, de Londres, o Chrysler Museusm of Art, de Norfolk, o Princeton University Art Museum, em Princeton, o Hermitage, de São Petesburgo, e a National Gallery, de Washington.

O percurso da mostra segue a biografia de Cézanne, que nasceu em Aix-en-Provence em 1839 e faleceu em 1906.

Ele decidiu se desvincular das obrigações impostas pelo pai banqueiro para se empenhar em uma estética própria que depois serviu de influência para vanguardas artísticas como o cubismo e o surrealismo.

A exposição milanesa parte de sua primeira obra realizada por volta de 1860, que refletia a tradição artística da época, para depois passar a suas interpretações de retratos familiares, amigos e de pessoas comuns.

Os passos seguintes de Cézanne se dirigiram a pinturas de natureza morta e de paisagens, como a de pedreiras e de florestas de pinheiros de Bibémus Quarries e os bosques de Chateau-Noir


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